"Na
primeira vez a sensação é estranha. A máscara. O equipamento incômodo, um pouco
pesado. Você entra vagarosamente na água e sua face é submersa. Inspire: o ar
chega com um silvo tranquilizador e, pela primeira vez, você respira sob a
água. Em poucos minutos, você se esquecerá da máscara. O equipamento passa a
ser leve e ágil e você se sente livre como nunca antes. Com a primeira
respiração sob a água, a porta para um mundo diferente se abre. Não é um mundo
independente, mas não deixa de ser diferente.
Abra
esta porta e entre. Sua vida nunca mais será a mesma.
Somente
você pode dizer o que lhe impele ao mergulho autônomo. Se você procura por
aventura, não ficará desapontado. Você a encontrará – quer seja em um navio
naufragado enquanto desvenda seus segredos em um recanto remoto do mundo entre
outros povos e culturas, ou em sua região – mais próximo do que imaginou ser
possível.
Se
você ama a natureza, veio ao lugar certo. Se descobertas lhe intrigam,
bem-vindo ao espaço interior. Ainda que seja um clichê, não deixa de ser
verdade que conhecemos melhor a superfície da lua do que o fundo dos nossos
oceanos. Até mesmo nos locais de mergulho mais populares, você verá coisas que
a maioria das pessoas nunca irão. Mesmo com uma experiência de centenas de
mergulhos, a visita a um novo local de mergulho traz sempre novas emoções e
descoberta. Visitar um local conhecido é quase como voltar para casa.
O
mergulho autônomo significa enfrentar novos desafios. Ele constitui uma das
raras atividades que fazem a adrenalina correr no sangue e provoca emoções
fortes, ou traz calma e paz. Você pode aceitar desafios que requerem
treinamento, planejamento e concentração: procurar e recuperar objetos
perdidos, descer até 30 metros/100 pés (se o seu nível de capacidade de
mergulho permitir) ou explorar seu local de mergulho favorito após o
pôr-do-sol. Ou você pode se deixar levar ao longo de alguns dos ambientes mais
tranqüilos e lindos do mundo, sendo que a sua maior preocupação imediata seria
decidir se deseja ou não parar e fotografar uma estrela do mar. De qualquer
modo, a atividade de mergulho cresce com você.
Há
sempre algo novo para ver, algum lugar novo para explorar, alguma nova maneira
de desfrutar da experiência. Nenhuma outra atividade se correlaciona tão fácil
e precisamente às suas expectativas de hoje, de amanhã e de dez anos no futuro.
É impossível superá-la.
Você
provavelmente viu fotografias, programas de televisão e filmes sobre mergulho,
mas até que mergulhe é impossível compreender o que significa mergulhar. Nada
na superfície da terra pode ser comparado com as sensações que você
experimentará – a emoção de respirar debaixo d’água, a liberdade de sentir-se
“sem peso” e imagens e sons sem paralelo.
Bem-vindo
a um mundo de descoberta e aventura. “
(Fonte:
Manual PADI - OPEN WATER DIVER - Português: 1999)
Quando
iniciei o curso Open Water, que é o nível básico do mergulho, não imaginava o
quão complexo é mergulhar. Ele pode parecer apenas uma atividade simples, mas
nesse curso aprendi que o mundo subaquático também é conhecimento, é intenso,
além de encantador. Decidi fazer a pedido do Rogério, que foi meu instrutor no
mergulho da Dolina da Água Milagrosa.
Não chega a ser assustador descobrir a
complexidade do mergulho, mas percebemos como é sério, afinal, é nossa saúde e
segurança que é levada em consideração, principalmente quando se trata das
sequelas que ele pode deixar. Quando mergulhei pela primeira vez sabia dos
riscos, mas que só me ficou claro no curso. Soube que teria que lidar com a
matemática. Sim, ela mesmo. Por exemplo, eu preciso fazer um intervalo entre um
mergulho e outro, caso eu deseje fazer dois no mesmo dia. Isso porque quando
mergulhamos, pela quantidade de nitrogênio consumida durante um mergulho
profundo ou não, mas com tempo razoável debaixo da água, obrigatoriamente precisamos
fazer uma conta básica pra saber quando poderemos mergulhar outra vez. Isso
ocorre por conta do acúmulo de nitrogênio no sangue, que se não
"controlado", pode se acumular nas articulações, causando paralisia
dos membros, edemas cerebrais e etc. A chamada "doença
descompressiva", temida até por mergulhadores experientes.
Tabela de Descompressão Lado 1 |
No kit do curso ganhamos uma tabela
para acompanhar e facilitar nosso cálculo. Usando a tabela levamos em
consideração a profundidade que iremos mergulhar, ela nos dá o tempo máximo que
podemos ficar no fundo, consideramos também o tempo de superfície e então
teremos um grupo de pressão. Seria fácil se eu tivesse um computador de
mergulho, mas um dia eu chego lá e compro um rsrsrs. Por recomendação, seguimos
esse cálculo ao pé da letra. Não é exagero, isso é muito sério. Quando uma
pessoa vai fazer o "batismo", o próprio instrutor já saberá até onde
ele deve ir, quando voltar e quanto tempo esperar o próximo mergulho ou
encerrar. No mergulho autônomo não, nós mergulhadores devemos ter em mente os
limites do cálculo a ser seguido e do nosso corpo.
Outro fator
importante que deve se levar em consideração é a PRESSÃO. Sim, ela está
relacionada a tudo no mergulho: ouvido, máscara, câimbras, equipamentos, peso
do corpo... Também deixa grandes sequelas se não controlar o corpo, isso mesmo,
o corpo debaixo d'água. Na superfície, pressão atmosférica é de 1ATM. No
mergulho, a cada 10 metros de descida aumenta essa pressão em 1ATM, ou seja, se
estamos a 10 metros, a pressão sobre o nosso corpo fica em 2ATM. Quanto mais
profundo, maior essa pressão. Enquanto descemos, devemos controlá-la em nossos
ouvidos e máscaras usando algumas técnicas.
Passados a
teoria, hora da prática, o famoso check-out. As atividades são feitas na
piscina ou na parte rasa da Água milagrosa. Fiz exercícios essenciais como
tirar água e pressão da máscara, manipular o manômetro e profundímetro e a
tirar e colocar o primeiro estágio(também conhecido por regulador). Para
finalizar, fiz 3 mergulhos com profundidade máxima de 20 metros.
Assim é o
curso Open Water, uma verdadeira porta para o conhecimento e mergulho seguro.