segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Viagem e Muito Bom Humor

01 de agosto de 2014. Um alerta no celular que me fez brilhar os olhos: promoções de passagens aéreas. Mas, espere um pouco... dia 15 de agosto eu viajo e preciso economizar. Hum, mas tem para o Rio de Janeiro. Rio de Janeiro é legal. E se eu voltar... ou melhor, ir um pouco mais longe. Tem aquela promessa que fiz olhando pro mar de Arraial do Cabo:"Eu vou voltar para mergulhar, eu prometo por esse mar imenso e esse lindo dia. Eu vou voltar." Decidido. Passagem comprada. Viagem a São Paulo feita. Mês de setembro só organização. Orçamentos, pesquisas. "Ah, no hostel tem aluguel de bicicleta."."Da pra chegar à aquela praia pela trilha"."Putz vou chegar de madrugada". Não importa. Destino decidido: Arraial do Cabo.

Tudo organizado, dia 31 de outubro hora de partir. Entro no avião, olho minha bolsa: CADÊEEE O MEEEEU FONE DE OUVIDOOO? Ficou para atrás, o jeito é seguir. Primeira parada: Brasília. Conexão. Tudo perfeito, chegando avistando o pôr-do-sol do avião. Não tem vaga para o avião estacionar?Como assim? 15 minutos depois, desembarque. Passando em uma lojinha para comprar chocolate(caríssimo, mas muito bom) e um fone de ouvido. Hora de embarcar de novo, pelo portão 29. Mas, cadê todo mundo? Só eu vou nesse vôo? Ahaaam, preocupada com a fome não prestei atenção, o embarque mudou para o portão 23. Volta pela esteira bonitinha. Embarque feito e uma preocupação: Fome. 

Mas o sanduíche servido pela TAM amenizou.Sendo assim, hora do cochilo. Cochilo? Faltando 30 minutos para chegar ao Rio de Janeiro e a TAM avisando a cada 5 minutos quanto tempo de vôo e quanto faltava para chegar. Impossível.
Chegando a hora do pouso no Aeroporto Santos Dumont e a expectativa: Vamos pousar no mar.Vamos pousar no mar.Vamos pousar no mar... Ficou só na expectativa.

Desembarque feito às 22:30 no Aeroporto Santos Dumont. Preciso estar às 2:30 no Aeroporto Galeão. Mas faltam 4 horas. Hum, ja sei, vai dar tempo de...TAXIII!!! Lapa por favor. Desço na Lapa, tiro fotos, curto um samba, cerveja gelada, mais samba, mais cerveja gelada... Ops... 1:30 da manhã. Hora de seguir para o Galeão. Aguardo no local indicado pelo transfer. 2:30 da manhã, entro no microônibus. Com muito sono e levemente embriaga, faço a mochila de travesseiro, a toalha de coberta e uma soneca. 5:00 da manhã alguém me acorda, havia chegado em São Pedro da Aldeia, local indicado para que outro carro fosse me buscar para levar até arraial. Pego o carro e sigo. Mais 20 minutos de estrada, estava lá, chegando ao hostel Marina dos Anjos.

Chego no hostel, tomo banho, troco de roupa e vou ver o nascer do sol. Apesar de muito vento, o dia começa lindo. Espero até as 7:30 quando é hora de ir para o píer, ao encontro da embarcação Anequim, que me levaria para o mergulho.

Chego lá, conheço mais pessoas para minhas lembranças de amigos de viagens: a galera da By Fish Mergulho. Ah, e um menino também, que estava entre uma turma grande presente no dia. Mergulho duas vezes, até que o passeio termina e voltamos ao píer. A, e o menino do meu lado e ainda anotou meu telefone. Ele seguiu com a turma e eu fui ao hostel colocar meu celular para carregar. 

Na volta decido ir a Praia do Forno. Vou de barco ou vou pela trilha? Hum... muito alta essa montanha. Vou de barco. Ué, não tem barco para a praia do forno por causa dos ventos? Ahh... vou pela montanha então. Trilha feita, a praia era a linda. A coisa mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida. Areias branquinhas e a água clarinha. Com a mascara ainda da pra ver uns peixinhos. Ta bom, chega(por enquanto). Volto pela montanha, dou uma voltinha na cidade. Paro pra tomar uma cerveja. E outra, cerveja, e o fim do dia chega. 

Voltando para o hostel, um convite pelo messenger do Facebook: "Sabe onde tem a entrada para arraial..Tem uma bandeira do Brasil enorme? O hotel onde estou fica perto... Vem pra cá." Ah, era o menino que conheci no mergulho. Mas um convite desse, pra quem está sozinha, até que não é mal. Me arrumo, coloco um vestidinho e saio para a rua. Hum, mas esse vento não está para bons amigos. Vou levar a blusinha. Volto ao hostel, pego a blusa de frio e saio de novo. Chegando a pracinha da cidade, um buteco tocando pop rock. Lugar maneiro. Mas eu precisava do que estava do outro lado. TAXIII!!! Chego ao hotel, cumprimento a galera(dele). Cerveja vai, cerveja vem. Papo vai. Musica vem. O menino? Ele tinha os olhos mais lindos que eu já vi. A cor? Ah, nem vi. Mas via o mundo de um jeito maravilhoso. Beijinhos para lá, abraços para e cá... e já é manhã. Hora dele partir. A despedida claro, é amarga. Mas inevitável. Mais abraços, beijos e Adeus!!! 

Volto para o hostel, dessa vez pela praia dos anjos e uma pessoa me aborda:"Ei, vamos fazer passeio de barco. Tem isso tem aquilo. Vai adorar". A oportunidade me chamando e eu topei, mas ainda faltava uma hora e meia para sair. Apesar de preciso de biquíni e protetor solar, certo? Vamos para o hostel então. Pela primeira vez desde que cheguei, consegui comer. Um mixto quente. Uma xícara de café, e pensamentos... Milhões de pensamentos. Ei, volta pra realidade. Vamos navegar.

4 horas de navegação. Mais amigos para a lembrança: um goiano e um casal de cariocas. Gente fina os três. Muita brincadeira e volto para a praia dos anjos. Ainda faltava a prainha para conhecer. Um pulo na prainha e volto para o hostel. Já passavam das 16 horas da tarde e a volta para Cuiabá começaria as 18 horas. 

Pego a mochila, faço o check-out, olho para a praia e para a cidade e rola as primeiras lágrimas de emoção. Para conter uma Heineken... Ahh Heineken, o que seria de mim sem você? 
Entro no ônibus, durmo e acordo. 20 horas e nem sinal de Rio de Janeiro, Niterói, Rodoviária Novo Rio ou qualquer coisa do tipo. Bem, falta uma hora ainda. Cochilo de novo e acordo. 21 horas e nada. Oh my god. Eu preciso chegar no aeroporto as 22 horas. Desespero: Me espeeeeera vôo. Fé:Vai dar tempo, vai dar tempo, vai tempo.

22 horas e eu chego no Rodoviária e fazendo pressão no motorista para ele abrir a porta. Sai correndo igual maluca, o primeiro taxista que aparece eu alerto: São 22 horas e eu preciso estar as 22:20 no aeroporto Galeão. Dito. Correria pra chegar no caso. Driblando o transito e finalmente... Aeroporto!!! Para meu alívio. 22:30 check-in, raio-x. 22:35 início do embarque. 

Entro no avião, dou mil risadas... de alegria, alívio, felicidade, renovação do espírito, de força, de coragem, de LI-BER-DA-DE. Eu amo viver assim... viajando com o coração a mil por hora.

Prometo ainda detalhar mais essa viagem nos próximos post.

Uma vez fui viajar e não voltei.

Uma vez fui viajar e não voltei.
Não por rebeldia ou por ter decidido ficar; simplesmente mudei.

Foto: Arquivo Pessoal
Cruzei fronteiras que eu nunca imaginaria cruzar. Nem no mapa, nem na vida. Fui tão longe que olhar para trás não era confortante... era motivador.
Conheci o que posso chamar de professores e acessei conhecimentos que nenhum livro poderia me ensinar. Não por serem secretos, mas por serem vivos.

Acrescentei ao dicionário da minha vida novos significados para educação, medo e respeito. Fui acolhido por pessoas, famílias, estranhos, bancos e praças. Entre chãos e humanos, ambos podem ser igualmente frios ou restauradores.


Foto: Arquivo Pessoal
Conheci ruas, estações, parques, estradas, estádios, aeroportos, e me orgulho de ter dificuldade em lembrar seus nomes. Minha memória compartilha do meu desejo de querer refrescar-se com novos e velhos ares.



Fiz amigos de verdade. Amigos de estrada não sucumbem ao espaço e nem ao tempo. Amigos de estrada cruzam distâncias; confrontam os anos. São amizades que transpassam verões e invernos com a certeza de novos encontros.

Vivi além da minha imaginação. Contrariei expectativas e acumulei riquezas imateriais. Permiti ao meu corpo e à minha mente experimentar outros estados de vivência e consciência.
Redescobri o que me fascina. Senti calores no peito e dei espaço para meu coração acelerar mais do que uma rotina qualquer permitiria.
Foto: Arquivo Pessoal

E quer saber?

Conheci outras versões da saudade. Como nós, ela pode ser dura. Mas juro que tem suas fraquezas. Aliás, ela pode ser linda.

Com ela, reavaliei meus abraços, dei mais respeito à algumas palavras e me apaixonei ainda mais por meus amigos e minha família.
Na verdade, tais experiências apenas me dirigem para uma certeza – que ainda tenho muito lugar para conhecer, pessoas a cruzar e conhecimento para experimentar.

Uma fez fui viajar… e foi a partir deste momento que entendi que qualquer viagem é uma ida sem volta.

- Marcelo Penteado

Texto Publicado em: Sigo Escrevendo