terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Amizade Sem Fonteiras

Um verão qualquer, fevereiro de 2014, na cidade maravilhosa(Rio de Janeiro). Era uma viagem mais ou menos fora do normal e ficou totalmente fora quando entrei no quarto 1 do Copa Hostel:


_Oi tudo bem? É dê onde?(com sotaque gaúcho)
_Sou de Mato Grosso e voce?
_Rio Grande de Sul. Ela(apontando para o lado) é do Peru e ela(apontando pra sósia da Amy Winehouse) é da Suíça.
_Ela é lutadora, veio da Argentina para um campeonato.

_Vamos a pucrawl carioca? Ouvi falar que é um rodízio de bares show de bola de leblon.
_Mas bah, que legal. Vamos sim.
Fabiola e eu saímos andando de onibus, pedindo informação, usando o maps… desbravando o Leblon na noite de sexta-feira.

_Vamos a praia? Vai ter bloquinho de carnaval la na praia de Ipanema.
_Ixi, estou de ressaca.
_Eu topo(diz outra menina do quarto)

_Mas bah… Hoje tem ensaio do salgueiro na sapucaí, quem topa?
Em grupo de 8 saímos pela noite do Rio de Janeiro. A região no entorno da Sapucaí era escura, chegava a dar medo, mas nos mantivemos juntas.

Não, não éramos conhecidas(a maioria), não fizemos excursão e aceitamos o mesmo desafio: passar o verão no Rio de Janeiro em um hostel. Umas estavam sozinhas como eu, outras em grupo, mais juntamos tudo e nos divertimos e melhor, criamos um laço super legal: A Amizade.

Hoje, dezembro de 2014 não estamos tão próximas geograficamente, estamos perto com o coração... Algumas se reencontraram no decorrer do ano... e quem disse que em pleno século XXI perde contato? Whatsapp esta aí para isso. Temos um grupo que criamos ainda no Rio e por sinal não tem nome. Quem nomeia ele é a vida, é o cada uma de nós passamos, seja momento alegria, de aperto, aniversário, conquista, novidades, alguém vai lá e renomeia como quem diz: não esquecemos de vocês, hahaaa. Não nos vemos todos os dias como os "amigos de perto", mas sabemos que em um algum lugar desse mundão de Deus tem algumas criaturinhas que torce por nós.

"Estou pensando bem em fazer uma viajem meio longa, um amigo como acompanhante, a distancia como mapa, e o tempo como data pra voltar!"

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Carta aos mergulhadores

Como todos os seres humanos, nascemos no coração da mãe-terra. Temos braços e pernas, respiramos oxigênio e nitrogênio que entra em pequenos pulmões. Passamos grande parte da nossa vida na posição vertical que nos dá uma maior autonomia e conforto na terra. Vistos superficialmente somos iguais a todos os seres humanos.a

Mas, analisando um pouco mais fundo, alguma coisa nos faz diferentes. Nascemos com os olhos acostumados ao azul das águas. Temos um corpo que anseia pelo braço do mar e um pulmão que aceita grandes privações de ar apenas para prolongar a nossa vida no mundo azul.

Somos homens e mulheres de espírito inquieto. Buscamos na nossa vida mais do que foi dado. Passamos por grandes provas para nos aproximar dos peixes. Transformamos nossos pés em grandes nadadeiras, seguramos o calor do nosso corpo com peles falsas e chegamos ate a levar um novo pulmão em nossas costas. E tudo isto para quê? Para podermos satisfazer uma paixão, um sonho. Porque nós, algum dia, de alguma forma, fomos apresentados a um mundo novo. Um mundo de silêncio, calma, mistério, respeito e amizade. E esta calma e silêncio nos fizeram esquecer da bagunça e agitação do nosso mundo natal. O mistério envolveu nosso coração sedento de aventura.

O respeito que aprendemos a ter pelos verdadeiros habitantes desse mundo. Respeito esse que, só depois de ter sentido a inocência de um peixe, a inteligência de um golfinho, a majestade de uma baleia ou mesmo a força de um tubarão, podemos compreender.

E a amizade. Quando vamos até o fundo do mar, descobrimos que ali jamais poderíamos viver sozinhos. Então levamos mais alguém. E esta pessoa, chamada de dupla, companheiro ou simplesmente amigo, passa a ser importante para nós. Porque, além de poder salvar nossa vida, passa a compartilhar tudo que vimos e sentimos. E em duplas, passamos a ter equipes, e estas passam a ser cada vez maiores e mais unidas. E assim entendemos que somos todos velhos amigos mesmo que não nos conheçamos. E esse elo que nos une é maior que todos os outros que já encontramos.
E isso faz com que nós mais do que amigos, sejamos irmãos.
Faz de nós, mergulhadores.

Jacques Cousteau


FELIZ DIA DO MERGULHADOR!!!

domingo, 7 de dezembro de 2014

Os Tons Azuis de Arraial do Cabo - Parte 2

Continuando a aventura por Arraial do Cabo, um serviço oferecido por muitos barqueiros em lá é o circuito das prainhas, onde é feito a visitação das ilhas próximas a cidade, algumas com paradas para banho e outras somente visitacao. Eu não tinha em mente nenhum barco para fazer esse passeio, pensei em ir até o píer e entrar no primeiro que estivesse disponível. Porém quando eu estava voltando(sim, de manha) pra hostel e caminhava na praia dos anjos fui parada pela Viviane, uma barqueira que estava oferendo o pacote completo com visitação a todas as praias da região, incluindo a do Forno que normalmente não é inclusa. Sem ter o que questionar acabei aceitando o no horário marcado apareci na praia para embarcar, era por volta as 9 hs e a previsão para o retorno era as 13 hs.


A primeira parada foi na Ilha do Farol. Era uma das praias do circuito e é considerada a mais bonita da região. Não é pra menos, é o verdadeiro Caribe brasileiro. As águas com vários tons de azuis e ainda branquinha perto da areia. A areia da praia é branca e fina, o ruim foi que por causa dos ventos, era difícil ficar na areia seca pois quando batia no corpo chegava a doer a espinha(sem exageros), mas nada que estragasse o passeio. Conheci um goiano na embarcação e fizemos companhia um ao outro, sempre conversando, tirando foto, cuidando das coisas.



Fenda de Nossa Senhora e Pedra do Macaco
Foto: Arquivo Pessoal


A segunda parte da visitação foi a Fenda de Nossa Senhora, na verdade não foi uma parada, foi apenas para observaçao feito do próprio barco. Diz a lenda que o casal que se beija em frente a fenda nunca mais se separa. Bom, eu fiquei por fora disso, mas se é verdade ou não, so quem beijou para saber(hahahaha). Além de outras lendas que já contei no post da minha outra passagem por Arraial. Outra parte da observação é feita na Pedra do Macaco, tirei muitas fotos e alguns amigos disseram que não viram macaco nenhum, bem, mas para os olhos de um viajante apaixonado não tem contestaçao: Tem macaco sim. =D


Continuando o percurso passamos pelo Gruta da Lagoa Azul, pelo Farol novo e pela Cratera do Meteoro. A cratera do metoro tem algumas curiosidades: alguns dizem que um meteoro pequeno caiu ali e formou esse enorme buraco e que nesse buraco também foi esconderijo de Bin Laden no Brasil. Se e verdade eu não sei, mas que o lugar é lindo... isso não tem como negar. Assim como gruta, a água é azul e extremamente gelada, não me arrisquei a entrar com medo da profundidade. Tiramos algumas fotos e ficamos observando e voltamos para o circuito. 

O destino era das Prainhas do Pontal. Porém a emoção estava no meio do caminho. Enquanto seguíamos fiquei observando aquela imensidão do mar e pensando o quanto Deus é bom conosco, me proporcionando aquele momento maravilhoso e quando estava agradecida por ter chegado até ali. Ali senti sua enorme presença e a insignificância do homem. O coração ainda com saudade do menino que passei a noite anterior parecia não ser o mesmo, não pensava em nada além do ali e aquele momento. Meus pensamentos só foram interrompidos pela "montanha russa em forma de onda"que apareceu a nossa frente. Quem estava na parte da frente do barco como eu e as pessoas que conheci nos divertimos mais. Na subida a expectativa e na descida os gritos de "uhuul". Não vou negar, mas deu frio na barriga.


Prainhas do Pontal do Atalaia
Foto: Arquivo Pessoal
Passado a diversão chegamos as Prainhas do Pontal. Elas são um conjunto de praia na região uma colada na outra. Segundo a Viviane, a medida que o nível do mar cai, mais praias aparecem. Descemos e aproveitamos para fazer um lanche. Estávamos eu, o goiano e um casal carioca. Tiramos varias fotos em um morro de areia, nas escadas que davam acesso à trilha e por fim fomos nos divertir na água com muito banho.Saindo das prainhas do pontal a ultima parada era a praia do forno. Como ela tinha acesso a praia dos anjos pela trilha, dispensei o barco e fiquei por lá até a hora de voltar para o hostel e ir embora.Voltei pra casa, com muita tensão por causa do trânsito na estrada e horário do vôo... mas mais feliz do nunca. Adotei arraial do cabo como minha cidade do coração e tenho planos para voltar no ano que vem, no outro, no próximo, e sempre.Até Breve Arraial.

Até breve Arraial
Foto: Arquivo Pessoal


Os tons azuis de Arraial do Cabo

Arraial do Cabo me encanta. Desde que decidi conhecer esse lugar tinha a certeza que não ia decepcionar. Já estive lá duas vezes em um ano. A primeira delas foi em fevereiro desse ano. Eu estava hospedada na cidade do Rio de Janeiro e fui apenas para passar o dia. Quando decidi voltar, decidi ir apenas a essa cidade, nem que fosse um fim de semana. O planejamento começou em agosto com a compra das passagens. Depois fui pesquisando os demais.
Comprei a passagem de ônibus para ir do Rio até lá. Iria descer no Aeroporto Santos Dumont e as 2:30 o pegaria no Aeroporto Galeão com destino a São Pedro da Aldeia. Esse translado não é exclusivo até arraial do cabo e sim para Buzios, porém faria uma parada em São Pedro e de lá eles disponibilizariam um veículo com motorista para me levar até meu destino final.
Desembarquei as 22:30 e com tempo de sobra, passei na região da Lapa para curtir um pouco da vida noturna do lugar e também por que era caminho até a próxima parada. Curti uma roda de samba, tomei uma cerveja e fui para o aeroporto. A empresa foi pontual para me buscar e com tudo certo, segui caminho até Arraial, onde chegaria as 05:30 da manhã. Chegando no hostel apenas guardei minhas coisas e segui para a beira da praia acompanhar o amanhecer. Ventava muito na região então fiquei na areia molhada da praia dos anjos só observando e mantando a saudade que eu estava de lá. Na região, muito azul das águas e do céu, o meu cenário preferido.

No mesmo dia às 08 da manhã embarquei do píer com a Embarcação Anequim e fui rumo ao mar lhe dar um abraço. Em volta tudo é lindo e azul. Ainda conheci o azul mais profundo de Arraial do Cabo através do mergulho. A mesma atividade que me da paz e tira de mim todo e qualquer peso externo, seja pela rotina ou pelo dia-a-dia. A sensação de conhecer o novo me deixava inspirada. Vi espécie de peixes que jamais imaginei e que realmente, ali parecia um aquário de pequenos porém majestosos animais. Lá no fundo a cor é tudo azul, a visibilidade boa e a tranquilidade e empolgação é visível nos olhos de quem mergulha no mar pela primeira vez.
Mergulho em Arraial do Cabo
Foto: By Fish Mergulho


Depois do mergulho pausa para descanso, certo? Errado! Com minha bolsinha nas costas peguei uma trilha que dava a Praia do Forno. É o único acesso a ela além de barco. O legal é que quando se está no alto da montanha temos a vista de Arraial do Cabo e da Praia dos Anjos. Atravessando a montanha, temos a vista da Praia do Forno, como só havia visto na internet. Sabe aquela frase "Não acredite no que os outros dizem, vá lá ver"? Foi assim que pensei. Tirei o resto do dia para aproveita-la e no final ainda comprei um arroz doce de uma barraquinha perto da trilha.
Foto: Arquivo Pessoal
Praia do Forno
A Praia do Forno é a mais bonita de Arraial do Cabo e pra se chegar até ela deve ser de barco ou pela trilha que fiz pela montanha. Lá tem pequenas barraquinhas com comidas e um rapaz que aluga snorkel e nadadeiras. Além do restaurante flutuante mas para chegar até ele, somente de barco, e sempre cobram uma taxa extra.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Viagem e Muito Bom Humor

01 de agosto de 2014. Um alerta no celular que me fez brilhar os olhos: promoções de passagens aéreas. Mas, espere um pouco... dia 15 de agosto eu viajo e preciso economizar. Hum, mas tem para o Rio de Janeiro. Rio de Janeiro é legal. E se eu voltar... ou melhor, ir um pouco mais longe. Tem aquela promessa que fiz olhando pro mar de Arraial do Cabo:"Eu vou voltar para mergulhar, eu prometo por esse mar imenso e esse lindo dia. Eu vou voltar." Decidido. Passagem comprada. Viagem a São Paulo feita. Mês de setembro só organização. Orçamentos, pesquisas. "Ah, no hostel tem aluguel de bicicleta."."Da pra chegar à aquela praia pela trilha"."Putz vou chegar de madrugada". Não importa. Destino decidido: Arraial do Cabo.

Tudo organizado, dia 31 de outubro hora de partir. Entro no avião, olho minha bolsa: CADÊEEE O MEEEEU FONE DE OUVIDOOO? Ficou para atrás, o jeito é seguir. Primeira parada: Brasília. Conexão. Tudo perfeito, chegando avistando o pôr-do-sol do avião. Não tem vaga para o avião estacionar?Como assim? 15 minutos depois, desembarque. Passando em uma lojinha para comprar chocolate(caríssimo, mas muito bom) e um fone de ouvido. Hora de embarcar de novo, pelo portão 29. Mas, cadê todo mundo? Só eu vou nesse vôo? Ahaaam, preocupada com a fome não prestei atenção, o embarque mudou para o portão 23. Volta pela esteira bonitinha. Embarque feito e uma preocupação: Fome. 

Mas o sanduíche servido pela TAM amenizou.Sendo assim, hora do cochilo. Cochilo? Faltando 30 minutos para chegar ao Rio de Janeiro e a TAM avisando a cada 5 minutos quanto tempo de vôo e quanto faltava para chegar. Impossível.
Chegando a hora do pouso no Aeroporto Santos Dumont e a expectativa: Vamos pousar no mar.Vamos pousar no mar.Vamos pousar no mar... Ficou só na expectativa.

Desembarque feito às 22:30 no Aeroporto Santos Dumont. Preciso estar às 2:30 no Aeroporto Galeão. Mas faltam 4 horas. Hum, ja sei, vai dar tempo de...TAXIII!!! Lapa por favor. Desço na Lapa, tiro fotos, curto um samba, cerveja gelada, mais samba, mais cerveja gelada... Ops... 1:30 da manhã. Hora de seguir para o Galeão. Aguardo no local indicado pelo transfer. 2:30 da manhã, entro no microônibus. Com muito sono e levemente embriaga, faço a mochila de travesseiro, a toalha de coberta e uma soneca. 5:00 da manhã alguém me acorda, havia chegado em São Pedro da Aldeia, local indicado para que outro carro fosse me buscar para levar até arraial. Pego o carro e sigo. Mais 20 minutos de estrada, estava lá, chegando ao hostel Marina dos Anjos.

Chego no hostel, tomo banho, troco de roupa e vou ver o nascer do sol. Apesar de muito vento, o dia começa lindo. Espero até as 7:30 quando é hora de ir para o píer, ao encontro da embarcação Anequim, que me levaria para o mergulho.

Chego lá, conheço mais pessoas para minhas lembranças de amigos de viagens: a galera da By Fish Mergulho. Ah, e um menino também, que estava entre uma turma grande presente no dia. Mergulho duas vezes, até que o passeio termina e voltamos ao píer. A, e o menino do meu lado e ainda anotou meu telefone. Ele seguiu com a turma e eu fui ao hostel colocar meu celular para carregar. 

Na volta decido ir a Praia do Forno. Vou de barco ou vou pela trilha? Hum... muito alta essa montanha. Vou de barco. Ué, não tem barco para a praia do forno por causa dos ventos? Ahh... vou pela montanha então. Trilha feita, a praia era a linda. A coisa mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida. Areias branquinhas e a água clarinha. Com a mascara ainda da pra ver uns peixinhos. Ta bom, chega(por enquanto). Volto pela montanha, dou uma voltinha na cidade. Paro pra tomar uma cerveja. E outra, cerveja, e o fim do dia chega. 

Voltando para o hostel, um convite pelo messenger do Facebook: "Sabe onde tem a entrada para arraial..Tem uma bandeira do Brasil enorme? O hotel onde estou fica perto... Vem pra cá." Ah, era o menino que conheci no mergulho. Mas um convite desse, pra quem está sozinha, até que não é mal. Me arrumo, coloco um vestidinho e saio para a rua. Hum, mas esse vento não está para bons amigos. Vou levar a blusinha. Volto ao hostel, pego a blusa de frio e saio de novo. Chegando a pracinha da cidade, um buteco tocando pop rock. Lugar maneiro. Mas eu precisava do que estava do outro lado. TAXIII!!! Chego ao hotel, cumprimento a galera(dele). Cerveja vai, cerveja vem. Papo vai. Musica vem. O menino? Ele tinha os olhos mais lindos que eu já vi. A cor? Ah, nem vi. Mas via o mundo de um jeito maravilhoso. Beijinhos para lá, abraços para e cá... e já é manhã. Hora dele partir. A despedida claro, é amarga. Mas inevitável. Mais abraços, beijos e Adeus!!! 

Volto para o hostel, dessa vez pela praia dos anjos e uma pessoa me aborda:"Ei, vamos fazer passeio de barco. Tem isso tem aquilo. Vai adorar". A oportunidade me chamando e eu topei, mas ainda faltava uma hora e meia para sair. Apesar de preciso de biquíni e protetor solar, certo? Vamos para o hostel então. Pela primeira vez desde que cheguei, consegui comer. Um mixto quente. Uma xícara de café, e pensamentos... Milhões de pensamentos. Ei, volta pra realidade. Vamos navegar.

4 horas de navegação. Mais amigos para a lembrança: um goiano e um casal de cariocas. Gente fina os três. Muita brincadeira e volto para a praia dos anjos. Ainda faltava a prainha para conhecer. Um pulo na prainha e volto para o hostel. Já passavam das 16 horas da tarde e a volta para Cuiabá começaria as 18 horas. 

Pego a mochila, faço o check-out, olho para a praia e para a cidade e rola as primeiras lágrimas de emoção. Para conter uma Heineken... Ahh Heineken, o que seria de mim sem você? 
Entro no ônibus, durmo e acordo. 20 horas e nem sinal de Rio de Janeiro, Niterói, Rodoviária Novo Rio ou qualquer coisa do tipo. Bem, falta uma hora ainda. Cochilo de novo e acordo. 21 horas e nada. Oh my god. Eu preciso chegar no aeroporto as 22 horas. Desespero: Me espeeeeera vôo. Fé:Vai dar tempo, vai dar tempo, vai tempo.

22 horas e eu chego no Rodoviária e fazendo pressão no motorista para ele abrir a porta. Sai correndo igual maluca, o primeiro taxista que aparece eu alerto: São 22 horas e eu preciso estar as 22:20 no aeroporto Galeão. Dito. Correria pra chegar no caso. Driblando o transito e finalmente... Aeroporto!!! Para meu alívio. 22:30 check-in, raio-x. 22:35 início do embarque. 

Entro no avião, dou mil risadas... de alegria, alívio, felicidade, renovação do espírito, de força, de coragem, de LI-BER-DA-DE. Eu amo viver assim... viajando com o coração a mil por hora.

Prometo ainda detalhar mais essa viagem nos próximos post.

Uma vez fui viajar e não voltei.

Uma vez fui viajar e não voltei.
Não por rebeldia ou por ter decidido ficar; simplesmente mudei.

Foto: Arquivo Pessoal
Cruzei fronteiras que eu nunca imaginaria cruzar. Nem no mapa, nem na vida. Fui tão longe que olhar para trás não era confortante... era motivador.
Conheci o que posso chamar de professores e acessei conhecimentos que nenhum livro poderia me ensinar. Não por serem secretos, mas por serem vivos.

Acrescentei ao dicionário da minha vida novos significados para educação, medo e respeito. Fui acolhido por pessoas, famílias, estranhos, bancos e praças. Entre chãos e humanos, ambos podem ser igualmente frios ou restauradores.


Foto: Arquivo Pessoal
Conheci ruas, estações, parques, estradas, estádios, aeroportos, e me orgulho de ter dificuldade em lembrar seus nomes. Minha memória compartilha do meu desejo de querer refrescar-se com novos e velhos ares.



Fiz amigos de verdade. Amigos de estrada não sucumbem ao espaço e nem ao tempo. Amigos de estrada cruzam distâncias; confrontam os anos. São amizades que transpassam verões e invernos com a certeza de novos encontros.

Vivi além da minha imaginação. Contrariei expectativas e acumulei riquezas imateriais. Permiti ao meu corpo e à minha mente experimentar outros estados de vivência e consciência.
Redescobri o que me fascina. Senti calores no peito e dei espaço para meu coração acelerar mais do que uma rotina qualquer permitiria.
Foto: Arquivo Pessoal

E quer saber?

Conheci outras versões da saudade. Como nós, ela pode ser dura. Mas juro que tem suas fraquezas. Aliás, ela pode ser linda.

Com ela, reavaliei meus abraços, dei mais respeito à algumas palavras e me apaixonei ainda mais por meus amigos e minha família.
Na verdade, tais experiências apenas me dirigem para uma certeza – que ainda tenho muito lugar para conhecer, pessoas a cruzar e conhecimento para experimentar.

Uma fez fui viajar… e foi a partir deste momento que entendi que qualquer viagem é uma ida sem volta.

- Marcelo Penteado

Texto Publicado em: Sigo Escrevendo

domingo, 14 de setembro de 2014

Férias de 24 horas - Parte 2

O domingo em São Paulo foi divertido e corrido. Saímos do Hostel por volta das 10 horas da manhã e caminhamos rumo ao Parque Ibirapuera. O Parque era um dos pontos que eu queria conhecer a cidade e a escolha do hostel ser na Vila Mariana era justamente por causa da proximidade. Era perto e como Fabíola e eu caminhava conversando, a caminhada tornou-se mais rapida. No caminho ficamos observando o bairro Vila Mariana: as casas pareciam pequenas e charmosas, havia uma faculdade que também tinha sede em Porto Alegre, o bairro era pura arte, em diversos muros podia-se ver belas pinturas. Ficamos comparando com nossa cidade e com os costumes que temos, enfim.
Alugando a Bicicleta - Parque Ibirapuera

Chegando ao Parque, logo na entrada paramos para tomar água de côco. Aproveitei a oportunidade e perguntei para a vendedora se por alí tinha onde alugar bicicleta. Batata. Economizamos tempo e ainda conhecemos uma grande parte do parque. Era diferente do que havia imaginado: o parque tem pista exclusiva para bicicletas/skates/patins, isolando do perigo de andar em meio aos pedestres. Como o clima na cidade estava fresco, as 11 da manhã o parque ainda estava lotado. Homens, mulheres, crianças, idosos, caminhando, correndo, conversando, tirando foto, foi um passeio incrivelmente encantador. Foi a mesma sensação de quando caminhei pela Lagoa Rodrigo de Freitas. O que eu havia planejado para o passeio no Ibirapuera estava acontecendo sob o meu controle. 

Voltando para entrega das bicicletas tive que decidir o caminho a tomar. Já passava do meio-dia e ainda queria ir no Mercado Municipal(Mercadão), combinamos de encontrar Cecília(minha amiga Argentina) lá porém ela mandou uma mensagem dizendo que chegaria mais tarde e eu tinha um compromisso de estar na Churrascaria Boi Mil para conhecer alguns colegas que conheci em grupo no facebook. Decidi ir à Churrascaria mas antes iria passar no mercadão.

Praça da Sé
Pegamos um ônibus na saída do parque e descemos atrás da Catedral da Sé. Aproveitei para tirar umas fotos na praça. Andando a pé pela região a procura do mercadão acabamos passando pela 25 de março. Por sorte acabamos encontrando algumas lojas abertas e fizemos algumas compras. Ainda na 25 de março lembrei que não tinha espaço na mochila para as compras e aproveitei para comprar uma mala nova(kkkkkk Meu colega Ricardo Reis ainda falou que eu tava fazendo contrabando de mercadoria de SP para MT). Seguindo a rua e parando para pedir informação conseguimos chegar ao mercadão. Dei uma entrada rápida com a Fabíola e o horário havia estourado: ainda iria para um outra parte da cidade e já estava atrasada. E ainda iria pegar metrô.

Estação Luz
Bom, pedindo informações na rua consegui localizar a Estação Luz e ainda soube que de lá tinha uma linha que ia direto para a Barra Funda, onde eu precisava descer. Enquanto desci para aguardar o metrô não pude deixar de reparar na estrutura da estação: parecia coisa de novela, muito bonita e charmosa, não sei se era, mas me parecia nova. Diferente das outras já havia passado. Aliás, andar de metrô pra mim foi novidade nesse fim de semana pois foi a primeira vez que andei.

Almoço na Churrascaria Boi Mil
Chegando a estação Barra Funda, peguei um táxi e segui rumo a Churrascaria Boi Mil. Lá conheci a Grazi 1, Grazi 2, o Ricardo e o Alexandre, esposo da Grazi 1. O Joalisson havia combinado de ir mas deu o cano. Lá comi como se o churrasco fosse deixar de existir no dia seguinte. A galera ainda ficou impressionada com o tamanho da minha fome(fome não né, gula kkk). Jogamos conversa fora durante a tarde, me despedi e voltei pra estação.
Agora voltaria para o hostel para arrumar as malas pra volta. Combinei com o taxista de me buscar as 20 hs e ainda eram 18. Tomei uma cerveja e tirei um cochilo enquanto esperava.

Aeroporto de Guarulhos
No aeroporto de Guarulhos de volta para casa, sentei para tomar uma cerveja enquanto aguardava o horário do vôo e nesse tempo ainda fiquei batendo papo no whatsapp com meus novos colegas de São Paulo. Fiquei lembrando de todo o fim de semana desde a chegada, do havia vivido naquela cidade incrível e grande. Fiz o que eu queria e ainda estava pensando no que fazer na próximo volta a São Paulo. 

Planejo para 2015 outro fim de semana como este em São Paulo. Por enquanto, fico só na saudade.


 
Pintura em um muro na Vila Mariana - SP

Férias de 48 horas

Férias de 48 horas, bate-e-volta como alguns amigos dizem,... é assim que chamo meus fins de semana em que pego minha mochila, guardo o essencial e pego a estrada(ou voo) dependendo do lugar.
Aeroporto Marechal Rondon - Cuiabá

Para São Paulo não foi diferente: arrumei minha mochila e embarquei na sexta-feira às 19:40 hs rumo a Guarulhos. O destino final era um hostel em Vila Mariana para encontrar minha amiga Fabíola e de lá sair sem rumo. Porém ainda na sexta-feira, optamos por ficar no hostel pois cheguei em São Paulo 1 da manhã, somando o frio + cansaço + fuso horário + tempo pra colocar o papo em dia + ter que acordar cedo no dia seguinte, achamos mais sensato comer um lanche com cerveja no hostel e depois dormir.
O hostel parecia "ajeitadinho" como eu costumo falar. Mas logo que cheguei vi que iria me decepcionar: o quarto era pequeno com espaços estreitos entre as beliches, só havia uma tomada e por isso tive que colocar meu celular para carregar no corredor fora do quarto, banheiro não organizado e pouco limpo... mas enfim. Deixei o desconforto de lado e pensei na viagem. Fabíola e eu ainda conseguimos conversar, trocamos algumas lembrancinhas que trouxemos de nossa cidade, combinamos horário para o dia seguinte e tudo certo.

Fabíola e Eu na entrada do Hopi Hari
No sábado acordamos bem cedo, Eu levantei primeiro pra poder me arrumar. Nossa programação incluiu um passeio diário ao Hoppy Hari(ainda falarei sobre ele em outro post). Tomamos café da manhã e saímos rumo a uma estação de metrô Vila Mariana próxima ou hostel. O ponto forte da nossa escolha do hostel foi que ele ficava muito próximo a estação e isso facilitou nosso fim de semana. Descemos na estação Paraíso e apesar de atrasadas, o ônibus também havia atrasado a saída(kkkk... Ufa), conseguimos pegar e seguir rumo a cidade de Vinhedos, interior de São Paulo. Como o nosso ponto era um dos primeiros, ainda passamos por outros no caminho antes de seguir para a rodovia, que, por sinal não me lembro por que dormi( =/ ). Fabíola ainda me disse depois que eu tenho uma facilidade incrível para dormir(kkkkkkk).

Passamos o dia no Hoppy Hari, comendo, pegando fila, comendo, pegando fila, bebemos, pegamos fila... Enfim... 

Por volta das 18 horas voltamos para São Paulo e seguimos para o bairro Liberdade. Paramos em uma espécie de restaurante e mercearia e Fabíola comeu comidas japonesa. Eu como não sou muito fã, só fiquei observando e fazendo companhia. De lá voltamos para o hostel debaixo da garoa e ficamos decidindo o que fazer a noite. Nossa programação era para a Pub Crawl Paulista, mas como sabemos que esse evento é ao ar livre e com o frio e a garoa e que estava na noite, imaginamos que não tivesse. Sendo assim, decidimos para a Av. Paulista e Rua Augusta.
Av Paulista


A Av. Paulista a noite é fantástica e linda. Falo isso por estar acostumada a cidade pequenas então tudo era novo e deslumbrante. Localizando a Rua Augusta começamos a descer. Uma quadra, duas quadras, três quadras... E não encontramos nada a nosso gosto. Paramos em uma churrascaria para eu jantar e depois voltamos a procura da night perfeita(ou quase). Os bares dividiam-se em três tipos: tipo restaurante, tipo rock e tipo boate de strip-tease. Começamos a nos dar conta que estávamos próximas as boates de strip devido às entradas delas serem fechadas e os nomes, maioria deles tinham nome de cores em inglês.(engraçado, mas era. Exemplo: Red Night Club, Blue Night Club kkkk)


Beco 203
Optamos por uma boate chamada Beco 203, que toca uma espécie de rock alternativo. Apesar de não ser muito fã de baladas de rock achei simpática e divertida e as músicas diferentes das que costumo ouvir. Bebi duas doses do meu amado Whisky Chivas 12 anos(alias, farei um post depois para falar sobre ele). Caímos na dança e curtimos até meados da madrugada.
No próximo post falarei do corrido domingo.
   

domingo, 27 de julho de 2014

Voltar ou um novo lugar?

Essa é a pergunta que sempre penso quando vejo os emails sobre viagens e promoções de passagens aéreas. Fico imaginando: tenho desejo de conhecer o mundo(ou grande parte dele), se voltar à um lugar onde já fui, estaria abrindo mão de conhecer um novo, mesmo que seja um fim de semana. Por outro lado, imagino aquele lugar encantador por onde passei, o pôr-do-sol de todas as tardes que renova a energia, a água de coco no inicio da manhã e milho cozido e churros  no fim de tarde. 

Na dúvida sobre qual caminho seguir, levo em consideração distancia, horário do voo, tempo de viagem, tempo que teria disponível para aproveitar o local, dessa forma acabo optando por esperar um pouco mais. Talvez um feriado, folga no fim do ano, ou em quando "dá uma louca" em mim e vou pra onde eu quero, mesmo com tempo e dinheiro curto, com ou sem companhia.

Bar da Brahma - Aeroclube
Fui a São Paulo no início desse ano para a Campus Party 1 Campus Party 2. A intenção era participar do evento e em alguns momentos do dia dar uma ''escapada'' para conhecer a cidade. Realmente escapei: para ir ao supermercado comprar comida e coca-cola e ir ao shopping. O evento foi super interessante, com muitas atividades, workshop, oficinas, palestras, começavam as 10 da manhã e virava até o dia seguinte, ou seja, não deu tempo para sair. No sábado a tarde consegui juntar a galera e ir conhecer o Parque São Jorge, sede social do Corinthians e a noite o Bar da Brahma no aeroclube. Por isso não considero uma viagem turística afinal, tinha compromissos com o evento. São Paulo também é uma cidade enorme em vista de Cuiabá/MT e Várzea Grande/MT. Senti medo de sair sozinha e acabar ficando perdida.
 
Parque São Jorge - Sede Social do Corinthians
Apesar de já ter ido a São Paulo, voltarei a passeio. Combinei de reencontrar duas amigas que conheci na viagem ao Rio de janeiro, também no início do ano: a Fabíola(do Rio Grande do Sul) e a Cecília(da Argentina). Fabíola e eu combinamos de conhecer o Hopi Hari e outros lugares de São Paulo. A Cecilia estará em um campeonato de Jiu-jitsu e por isso só nos encontrará no sábado a noite. Apesar de ser apenas um fim de semana, a promessa é ser extremamente proveitoso e animado, com toda alegria e energia de quem é amigo de viagem, em um lugar sem conhecidos e com muitas coisas para se aproveitar. Pode ser exagero, mas já disseram que São Paulo é a Las Vegas brasileira(risos).
Dia 15 de agosto estarei chegando lá, um lugar onde já passei, mas ainda vou voltar!!! 


domingo, 8 de junho de 2014

Curso de Mergulho

"Na primeira vez a sensação é estranha. A máscara. O equipamento incômodo, um pouco pesado. Você entra vagarosamente na água e sua face é submersa. Inspire: o ar chega com um silvo tranquilizador e, pela primeira vez, você respira sob a água. Em poucos minutos, você se esquecerá da máscara. O equipamento passa a ser leve e ágil e você se sente livre como nunca antes. Com a primeira respiração sob a água, a porta para um mundo diferente se abre. Não é um mundo independente, mas não deixa de ser diferente.
Abra esta porta e entre. Sua vida nunca mais será a mesma.

Somente você pode dizer o que lhe impele ao mergulho autônomo. Se você procura por aventura, não ficará desapontado. Você a encontrará – quer seja em um navio naufragado enquanto desvenda seus segredos em um recanto remoto do mundo entre outros povos e culturas, ou em sua região – mais próximo do que imaginou ser possível.
Se você ama a natureza, veio ao lugar certo. Se descobertas lhe intrigam, bem-vindo ao espaço interior. Ainda que seja um clichê, não deixa de ser verdade que conhecemos melhor a superfície da lua do que o fundo dos nossos oceanos. Até mesmo nos locais de mergulho mais populares, você verá coisas que a maioria das pessoas nunca irão. Mesmo com uma experiência de centenas de mergulhos, a visita a um novo local de mergulho traz sempre novas emoções e descoberta. Visitar um local conhecido é quase como voltar para casa.
O mergulho autônomo significa enfrentar novos desafios. Ele constitui uma das raras atividades que fazem a adrenalina correr no sangue e provoca emoções fortes, ou traz calma e paz. Você pode aceitar desafios que requerem treinamento, planejamento e concentração: procurar e recuperar objetos perdidos, descer até 30 metros/100 pés (se o seu nível de capacidade de mergulho permitir) ou explorar seu local de mergulho favorito após o pôr-do-sol. Ou você pode se deixar levar ao longo de alguns dos ambientes mais tranqüilos e lindos do mundo, sendo que a sua maior preocupação imediata seria decidir se deseja ou não parar e fotografar uma estrela do mar. De qualquer modo, a atividade de mergulho cresce com você.

Há sempre algo novo para ver, algum lugar novo para explorar, alguma nova maneira de desfrutar da experiência. Nenhuma outra atividade se correlaciona tão fácil e precisamente às suas expectativas de hoje, de amanhã e de dez anos no futuro. É impossível superá-la.


Você provavelmente viu fotografias, programas de televisão e filmes sobre mergulho, mas até que mergulhe é impossível compreender o que significa mergulhar. Nada na superfície da terra pode ser comparado com as sensações que você experimentará – a emoção de respirar debaixo d’água, a liberdade de sentir-se “sem peso” e imagens e sons sem paralelo.
Bem-vindo a um mundo de descoberta e aventura. “
(Fonte: Manual PADI - OPEN WATER DIVER - Português: 1999)

     Quando iniciei o curso Open Water, que é o nível básico do mergulho, não imaginava o quão complexo é mergulhar. Ele pode parecer apenas uma atividade simples, mas nesse curso aprendi que o mundo subaquático também é conhecimento, é intenso, além de encantador. Decidi fazer a pedido do Rogério, que foi meu instrutor no mergulho da Dolina da Água Milagrosa.
     Não chega a ser assustador descobrir a complexidade do mergulho, mas percebemos como é sério, afinal, é nossa saúde e segurança que é levada em consideração, principalmente quando se trata das sequelas que ele pode deixar. Quando mergulhei pela primeira vez sabia dos riscos, mas que só me ficou claro no curso. Soube que teria que lidar com a matemática. Sim, ela mesmo. Por exemplo, eu preciso fazer um intervalo entre um mergulho e outro, caso eu deseje fazer dois no mesmo dia. Isso porque quando mergulhamos, pela quantidade de nitrogênio consumida durante um mergulho profundo ou não, mas com tempo razoável debaixo da água, obrigatoriamente precisamos fazer uma conta básica pra saber quando poderemos mergulhar outra vez. Isso ocorre por conta do acúmulo de nitrogênio no sangue, que se não "controlado", pode se acumular nas articulações, causando paralisia dos membros, edemas cerebrais e etc. A chamada "doença descompressiva", temida até por mergulhadores experientes.
Tabela de Descompressão Lado 1
      
     No kit do curso ganhamos uma tabela para acompanhar e facilitar nosso cálculo. Usando a tabela levamos em consideração a profundidade que iremos mergulhar, ela nos dá o tempo máximo que podemos ficar no fundo, consideramos também o tempo de superfície e então teremos um grupo de pressão. Seria fácil se eu tivesse um computador de mergulho, mas um dia eu chego lá e compro um rsrsrs. Por recomendação, seguimos esse cálculo ao pé da letra. Não é exagero, isso é muito sério. Quando uma pessoa vai fazer o "batismo", o próprio instrutor já saberá até onde ele deve ir, quando voltar e quanto tempo esperar o próximo mergulho ou encerrar. No mergulho autônomo não, nós mergulhadores devemos ter em mente os limites do cálculo a ser seguido e do nosso corpo.

Outro fator importante que deve se levar em consideração é a PRESSÃO. Sim, ela está relacionada a tudo no mergulho: ouvido, máscara, câimbras, equipamentos, peso do corpo... Também deixa grandes sequelas se não controlar o corpo, isso mesmo, o corpo debaixo d'água. Na superfície, pressão atmosférica é de 1ATM. No mergulho, a cada 10 metros de descida aumenta essa pressão em 1ATM, ou seja, se estamos a 10 metros, a pressão sobre o nosso corpo fica em 2ATM. Quanto mais profundo, maior essa pressão. Enquanto descemos, devemos controlá-la em nossos ouvidos e máscaras usando algumas técnicas.

Passados a teoria, hora da prática, o famoso check-out. As atividades são feitas na piscina ou na parte rasa da Água milagrosa. Fiz exercícios essenciais como tirar água e pressão da máscara, manipular o manômetro e profundímetro e a tirar e colocar o primeiro estágio(também conhecido por regulador). Para finalizar, fiz 3 mergulhos com profundidade máxima de 20 metros.

Assim é o curso Open Water, uma verdadeira porta para o conhecimento e mergulho seguro.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Estou flutuando em um abismo.

Estou flutuando em um abismo.
Foi exatamente assim que pensei enquanto mergulhava pela Dolina da Água Milagrosa, um paraíso escondido no interior de Mato Grosso, há cerca de 20 km da cidade de Cáceres - MT.
Havia visto na internet diversas vezes um mergulho em Primavera do Leste, na conhecida lagoa da lua, pensei em fazer e então entrei em contato com o Rogério Perdigão, instrutor de mergulho. Soube a respeito dele em um post sobre a lagoa da lua.
Resolvi arriscar.
Entrando em contato soube que só teria mergulho em primavera do leste por volta do dia 17/05, mas que no fim de semana seguinte fariam um em Cáceres, disse que também era tranquilo e que não haveria problemas pra uma iniciante em mergulhos. Passei o feriado pesquisando sobre essa dolina e cogitando a pensar na possibilidade de ir ou não. Na sexta-feira entrei em contato de novo com o Rogério, recebi algumas instruções e pronto, era só aguardar o sábado. Ainda na sexta-feira à noite comecei a organizar a mochila: roupa de banho, toalha, protetor solar, blusa de frio, alguns biscoitos, seria suficiente para o fim de semana. Fui informada que não ficaríamos na cidade e sim em uma pousada, por isso não podia esquecer ao menos o essencial.
 Sábado de manhã, eram quase 7 horas quando cheguei na escola(de mergulho), o ponto de encontro. De cara encontrei o Rogério, o Beto, e algumas outras pessoas que também iriam conosco. Eu como não tenho veículo, fui de carona com o Roger.

     Chegando em Cáceres, paramos em um posto pra beber água e ir ao banheiro. Também era o ponto de encontro na cidade. Ali ficamos aguardando o restante do pessoal chegar da estrada para seguir para a fazenda onde ficava Dolina, uma propriedade rural a cerca de 20 km da cidade, sendo uma parte dele asfaltado e outro não (muito ruim esse trecho inclusive).

Ainda no período da manhã subimos montanha acima para mergulhar. Um pequeno trecho é feito de carro até chegar no início da escadaria. Lá a equipe prepara todos os equipamentos para descer enquanto nos arrumamos também. A primeira parte do desafio é descer as escadas, cerca de 200 degraus desnivelados, uns maiores e mais altos que os outros… assim até chegar ao primeiro tablado. Depois mais uma descida feita pelas pedras também até chegar ao segundo tablado que já fica na água. A partir de então é só aproveitar e esperar sua vez para mergulhar. Comigo demorou um pouco, esperei até que outros mergulhadores descessem e voltassem para “me buscar” risos. Nesse tempo aproveitei para mergulhar mais raso, flutuar com snorkel e já conhecer o “ambiente” que me esperava.

Minutos depois o instrutor voltou e havia chegado a hora: minha vez de mergulhar. Fui equipada quando desci da plataforma, recebi algumas instruções e fiz um breve treino e pronto, lá estava eu descendo. A princípio o que passou pela minha cabeça foi medo: a mascara incomodava, o cilindro parecia cair, o regulador ia sair da boca e eu morreria afogada logo em seguida, pronto. Era tudo o que eu precisava para a respiração ficar ofegante e eu consumir mais ar do que eu deveria. Segurando na minha mão, o instrutor foi me passando calma, fazendo gestos para eu respirar mais devagar e bater as nadadeiras. A essa altura já estávamos a 18 metros. Além disso, ele fez gesto para o ouvido, como se perguntasse se eu estava tirando a pressão como deveria. Continuamos descendo quando fui tirar pressão do ouvido e senti que tinha mexido demais na máscara, um leve lasco de água passou na meu nariz. Fiz sinal pro instrutor e ele respondeu(em gestos) que ainda dava pra continuar. Segui mais um pouco e quando fui tirar a pressão do ouvido senti de novo. Fiz sinal de que precisava subir e ele foi mexendo no meu regulador pra fazer o caminho da volta. Foi engraçado por que, enquanto nós subíamos, eu grudei no braço dele como quem tivesse arrastando a outra pessoa de um lugar. E estava. Arrastei ele até eu chegar na superfície de novo.

Rogério e Eu
  Conversamos um pouco e depois ele desceu com uma outra pessoa para fazer batismo. Enquanto isso fiquei atracada com aquele equipamento todo com a impressão de que ia afundar a qualquer momento, até me acalmar e relaxar, afinal, ainda iria mergulhar novamente naquele dia.
A segunda descida, ainda no sábado, foi mais tranquila. Consegui curti os peixinhos no fundo, os paredões, o altar… cada canto observado me fazia esquecer onde e como estava, apenas a curiosidade e o fascínio estavam do meu lado. Dois deles me chamavam a atenção. O primeiro foi o casamento.Como? O que fizeram? A preparação? Pensava. Que loucura. A segunda curiosidade é o fato de lá ser um verdadeiro abismo submerso, lembrava do Rogério falando que já havia descido a 173 metros e não encontrou o fundo. Uau. Olhando de longe o que se via era apenas uma escuridão azul, quando aproximava enxergava os paredões. Estou flutuando em um abismo. Engraçado é que parece que esta indo para frente, mas na verdade estava indo para baixo, baixo, mais baixo. Minha respiração dizia que estava cansada e precisava preparar para começar a subir. Fiz sinal para o Rogério avisando que ia subir ele me acompanhou. Enquanto subia prometi que aquele seria o primeiro de muitos outros mergulhos que eu faria na vida.

Mergulho no Domingo
O mergulho do domingo foi ainda mais gostoso. Parecia estar acostumada com aquela atividade e a descontração com a galera e o dia anterior me fizeram esquecer o medo que tinha de mergulhar e até mesmo de entrar em um lugar cheio de água que não me desse pé. Pulava na água, flutuava, brincava com o snorkel, tirava fotos. Qualquer paradigma sobre mergulho eu havia quebrado ali, naquele fim de semana. Mergulhei a mesma profundidade do dia anterior mas sem cansaço, medo. Me senti mais leve.
“Você provavelmente viu fotografias, programas de televisão e filmes sobre mergulho, mas até que mergulhe, é impossível compreender o que significa mergulhar." 
(Trecho de um texto da apostila do curso básico de mergulho autônomo ADI)
Para quem se interessou pela prática, esse é o contato para mergulho em Cáceres: Rogério Perdigão: (65) 8132 8788 ou 3023 6080 da West dive Escola de Mergulho. Pode fechar direto com ele também a reserva do quarto da pousada, caso queira hospedar lá. Se precisar de mais dicas, aqui ao lado temos o formulário, ficarei muito feliz em poder ajudar.
Até a próxima.